quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Artigo escrito por Coronel Otávio Varêda é publicado no Jornal O Povo


Um artigo com o tema “Segurança Pública”, de autoria do Coronel Otávio Varêda que foi  publicado no dia (18) no Jornal O Povo, de Fortaleza – CE.

Varêda é Coronel da Polícia Militar de Pernambuco e mestrando em Segurança Pública pelo Instituto Universitário de La Polícia Federal Argentina, tendo passado pelo comando da 3ª CIPM e secretaria de Defesa Social de Santa Cruz do Capibaribe.

Confira o artigo na íntegra:

O desafio da contenção da violência

 
“No Brasil, as forças legais correm atrás do prejuízo, na busca de restaurar a paz social”

No Brasil, o crime organizado atingiu todos os segmentos, acertando em cheio as instituições. A letargia e o desaparelhamento do sistema criminal, a falta de compromisso de governantes, o envolvimento de políticos e autoridades com agentes do crime, o esfacelamento da família e a perda dos valores religiosos são fatores determinantes na consolidação desse quadro.

No País, as forças legais correm atrás do prejuízo na busca de restaurar a paz social e proporcionar sensação de segurança. O que presenciamos é justamente o que disse Michel Foucault. Para o filósofo francês, a criminalidade pode ser entendida como o tipo de contra poder mais destacado no seio da sociedade por sua expansividade e seu teor ofensivo. Segundo ele, o poder estatal, não obstante sua busca de controle e vigilância, na verdade tende a experimentar sempre a triste realidade de correr atrás do prejuízo, postando-se, na grande maioria das vezes, a reboque do contra poder desafiante.

Outro fator observado hoje é a migração das atividades do crime organizado para o interior do Brasil. No Nordeste, por exemplo, as quadrilhas atuam fortemente em assaltos a bancos, explosão de caixas eletrônicos e arrombamento dos prédios onde funcionam as Comarcas do Poder Judiciário, com o intuito de subtrair armas de processos em tramitação.

Tudo acontece pelo enfraquecimento das ações das forças policiais no interior. Os governos massificam a presença policial nos grandes centros e deixam a desejar nessas localidades. Falto efetivo logístico e estratégia de ação. Judiciário e Ministério Público também sofrem com as mesmas dificuldades. Assim, o Interior passou a ser terreno fértil para as atividades do crime organizado.

Em Pernambuco, por exemplo, as autoridades adotaram providências para conter o avanço das quadrilhas. Tropas especializadas atuam fortemente no interior, de forma integrada e norteadas pelos conhecimentos produzidos pela inteligência policial; a Justiça vem dando celeridade aos processos criminais e estipulando metas para encarcerar criminosos; e as armas recolhidas nos fóruns são encaminhadas aos Batalhões da PM, e logo seguem para destruição em unidades do Exército. Com essas medidas, houve redução considerável dos crimes.

Já está mais do que na hora de pensar diferente. Precisamos agir de forma antecipada. Mas para isso se faz necessária vontade política. É imprescindível que a sociedade deixe a zona de conforto e cobre dos governantes atitudes republicanas. Caso contrário, estaremos fadados a viver num país onde o crime organizado fará o papel de poder, estabelecendo e aplicando normas que atendam, única e exclusivamente, a seus interesses escusos.

Otávio Varêda
vareda@r7.com

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