Um artigo com o
tema “Segurança Pública”, de autoria do Coronel Otávio Varêda que foi publicado no dia (18) no Jornal O Povo, de
Fortaleza – CE.
Varêda é Coronel da
Polícia Militar de Pernambuco e mestrando em Segurança Pública pelo Instituto
Universitário de La Polícia Federal Argentina, tendo passado pelo comando da 3ª CIPM e secretaria de Defesa Social de Santa
Cruz do Capibaribe.
Confira o artigo na íntegra:
O
desafio da contenção da violência
“No Brasil, as forças legais correm atrás do prejuízo, na busca de
restaurar a paz social”
No Brasil, o crime organizado atingiu todos os segmentos, acertando em
cheio as instituições. A letargia e o desaparelhamento do sistema criminal, a
falta de compromisso de governantes, o envolvimento de políticos e autoridades
com agentes do crime, o esfacelamento da família e a perda dos valores
religiosos são fatores determinantes na consolidação desse quadro.
No País, as forças legais correm atrás do prejuízo na busca de
restaurar a paz social e proporcionar sensação de segurança. O que presenciamos
é justamente o que disse Michel Foucault. Para o filósofo francês, a
criminalidade pode ser entendida como o tipo de contra poder mais destacado no
seio da sociedade por sua expansividade e seu teor ofensivo. Segundo ele, o
poder estatal, não obstante sua busca de controle e vigilância, na verdade
tende a experimentar sempre a triste realidade de correr atrás do prejuízo,
postando-se, na grande maioria das vezes, a reboque do contra poder desafiante.
Outro fator observado hoje é a migração das atividades do crime
organizado para o interior do Brasil. No Nordeste, por exemplo, as quadrilhas
atuam fortemente em assaltos a bancos, explosão de caixas eletrônicos e
arrombamento dos prédios onde funcionam as Comarcas do Poder Judiciário, com o
intuito de subtrair armas de processos em tramitação.
Tudo acontece pelo enfraquecimento das ações das forças policiais no
interior. Os governos massificam a presença policial nos grandes centros e
deixam a desejar nessas localidades. Falto efetivo logístico e estratégia de
ação. Judiciário e Ministério Público também sofrem com as mesmas dificuldades.
Assim, o Interior passou a ser terreno fértil para as atividades do crime
organizado.
Em Pernambuco, por exemplo, as autoridades adotaram providências para
conter o avanço das quadrilhas. Tropas especializadas atuam fortemente no
interior, de forma integrada e norteadas pelos conhecimentos produzidos pela
inteligência policial; a Justiça vem dando celeridade aos processos criminais e
estipulando metas para encarcerar criminosos; e as armas recolhidas nos fóruns
são encaminhadas aos Batalhões da PM, e logo seguem para destruição em unidades
do Exército. Com essas medidas, houve redução considerável dos crimes.
Já está mais do que na hora de pensar diferente. Precisamos agir de
forma antecipada. Mas para isso se faz necessária vontade política. É
imprescindível que a sociedade deixe a zona de conforto e cobre dos governantes
atitudes republicanas. Caso contrário, estaremos fadados a viver num país onde
o crime organizado fará o papel de poder, estabelecendo e aplicando normas que
atendam, única e exclusivamente, a seus interesses escusos.
Otávio Varêda
vareda@r7.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário